Michael Jackson

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Conheça Michael Jackson, o Eterno Rei Do Pop

Michael Joseph Jackson (Gary, 29 de agosto de 1958 – Los Angeles, 25 de junho de 2009) foi um cantor, compositor e dançarino americano. Conhecido como “Rei do Pop”, ele se destacou como um dos ícones culturais mais importantes e influentes de todos os tempos e como um dos maiores artistas da história da música. Suas contribuições abrangentes para a música, dança e moda ao longo de mais de quatro décadas, juntamente com a exposição de sua vida pessoal, o consagraram como uma figura global na cultura popular.

Nascido como o oitavo filho da família Jackson, Michael deu início à sua trajetória profissional em 1964, juntamente com seus irmãos mais velhos, Jackie, Tito, Jermaine e Marlon, como membro do grupo musical The Jackson 5. Posteriormente, ele embarcou em uma carreira solo em 1971, sob o selo da Motown Records, e ascendeu ao estrelato com o álbum “Off the Wall” (1979), que recebeu elogios da crítica. Nos primeiros anos da década de 1980, Michael emergiu como uma figura proeminente na música popular. Seus vídeos musicais, especialmente os de “Beat It”, “Billie Jean” e “Thriller”, do álbum homônimo de 1982, são reconhecidos por transcender barreiras raciais e transformar o formato em uma forma de arte e ferramenta promocional. Sua influência foi fundamental para a ascensão do canal de televisão MTV. Com “Bad” (1987), ele foi o primeiro artista a emplacar cinco singles consecutivos no topo da Billboard Hot 100. Ao longo dos anos 1990, Jackson continuou a inovar, apresentando vídeos como “Black or White” e “Scream”, e consolidou sua reputação como uma força nos palcos. Através de suas performances ao vivo e em vídeo, ele popularizou técnicas de dança complexas, incluindo o moonwalk, que ele imortalizou com seu nome. Seu estilo e som influenciaram uma gama diversificada de artistas.

Michael Jackson é amplamente reconhecido como um dos artistas musicais mais vendidos de todos os tempos, com mais de 500 milhões de discos vendidos globalmente; “Thriller”, em particular, é o álbum mais vendido da história, com aproximadamente 70 milhões de cópias comercializadas em todo o mundo. Outros álbuns seus, como “Off the Wall” (1979), “Bad” (1987), “Dangerous” (1991) e “HIStory: Past, Present and Future, Book I” (1995), também figuram entre os mais vendidos do mundo. Ele acumulou centenas de prêmios (mais do que qualquer outro artista na história da música popular), foi introduzido duas vezes no Hall da Fama do Rock and Roll e é o único artista pop ou rock a ser incluído no Dance Hall of Fame. Suas realizações também incluem 39 recordes no Guinness World Records (incluindo o de artista de maior sucesso de todos os tempos), 15 Grammy Awards (incluindo os prêmios Legend e Lifetime Achievement), 26 American Music Awards e 13 singles número um na Billboard Hot 100 (mais do que qualquer outro artista masculino na história da Hot 100). Jackson foi o primeiro artista a ter um single no top dez da Billboard Hot 100 em cinco décadas diferentes. Em 2016, seu patrimônio era avaliado em 825 milhões de dólares, o maior já registrado para uma celebridade pela Forbes.

No final dos anos 1980, Jackson tornou-se uma figura controversa devido às mudanças radicais em sua aparência, seus relacionamentos, comportamento e estilo de vida. Em 1993, ele enfrentou acusações de abuso sexual infantil, provenientes do filho de um amigo da família. O caso foi resolvido fora dos tribunais e Jackson não foi acusado. Em 2005, ele foi a julgamento e absolvido de outras acusações de abuso sexual infantil, bem como de várias outras acusações. Sua morte, em 2009, enquanto se preparava para a turnê “This Is It”, foi atribuída a uma overdose de sedativos administrados por seu médico pessoal, Conrad Murray. Fãs de Jackson em todo o mundo expressaram profunda tristeza e seu funeral público foi transmitido ao vivo. No entanto, o documentário “Leaving Neverland”, lançado pela HBO em 2019, detalha alegações de abuso sexual infantil feitas por dois ex-amigos de Jackson que trabalharam com ele quando crianças.

1958–1975: Infância e The Jackson 5

Michael era o sétimo de nove filhos de Joseph e Katherine Jackson. A família inteira, incluindo os irmãos mais velhos Rebbie, Jackie, Tito, Jermaine, LaToya e Marlon, e os mais novos Randy e Janet, moravam juntos em uma pequena casa de dois quartos. O pai sustentava a casa trabalhando duro em uma usina siderúrgica. Por vontade da mãe, mas contra o desejo do pai, as crianças tornaram-se Testemunhas de Jeová e começaram a praticar a evangelização de porta em porta.

Sob as regras rígidas do pai, as crianças eram mantidas trancadas em casa enquanto ele trabalhava até tarde da noite. No entanto, elas frequentemente escapavam para as casas dos vizinhos, onde cantavam e faziam música. Os irmãos mais velhos frequentemente mexiam na guitarra do pai, Joseph, sem sua permissão enquanto ele estava trabalhando. Até que um dia, Joseph percebeu o talento de seus filhos e decidiu capitalizar isso, levando a família para a Califórnia, onde mais tarde seriam contratados pela Motown.

Na Motown, Michael e seus irmãos gravaram vários álbuns, alcançando fama mundial. Com apenas treze anos, Michael, através dos Jackson 5, já tinha emplacado quatro canções no topo das paradas: “I Want You Back”, “ABC”, “I’ll Be There” e “The Love You Save”. Michael começou sua carreira solo ainda na Motown, lançando álbuns como “Got to Be There”, “Ben”, “Music & Me” e “Forever, Michael”, todos com pelo menos um sucesso mundial. A partir de 1973, a popularidade do grupo começou a diminuir, embora ainda tivessem sucessos razoáveis como “I Am Love” e “Dancing Machine”. Durante as apresentações de “Dancing Machine”, Jackson simulava um robô dançando, uma técnica que se tornou bastante popular em todo o mundo.

Durante sua infância, Michael e seus irmãos sofreram constante abuso por parte do pai, que frequentemente os espancava e os aterrorizava psicologicamente. Os ensaios eram supervisionados pelo pai, muitas vezes com um cinto na mão. Certa vez, Michael e seus irmãos foram dormir em um quarto de hotel e deixaram a janela aberta. Seu pai escalou a janela usando uma máscara para assustá-los, ensinando-lhes a não deixar a janela aberta quando fossem dormir. Anos depois, Jackson sofria de pesadelos sobre ser sequestrado de seu quarto e chorava com isso. Durante uma entrevista com Oprah Winfrey em 1993, Michael revelou que chorava várias vezes por solidão durante sua infância e que frequentemente ficava enjoado só de ver seu pai. No documentário “Living with Michael Jackson” de 2003, do jornalista britânico Martin Bashir, o cantor chorou ao relembrar de sua infância.

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O grupo era formado pelo cantor Michael Jackson e seus irmãos Jackie, Tito, Jermaine, Marlon e Randy

1975–1981: Mudança de gravadora e Off the Wall

Em 1975, os Jackson 5 deixaram a Motown e assinaram contrato com a Epic em busca de mais liberdade para produzir suas próprias músicas. Como resultado de um processo judicial, tiveram que mudar o nome para The Jacksons. Michael emergiu como o principal compositor do grupo, escrevendo sucessos como “Shake Your Body (Down to the Ground)”, “This Place Hotel” e “Can You Feel It?”. Em 1978, ele co-estrelou “The Wiz” no papel do Espantalho, ao lado de sua companheira de gravadora, Diana Ross, no papel de Dorothy. As canções do filme foram arranjadas e produzidas por Quincy Jones, que tinha uma afinidade especial com Michael. Após assinar com a Epic em 1978, Michael colaborou com Quincy em vários álbuns.

Michael começou a gravar “Off the Wall” durante a primavera norte-americana de 1978, com a produção de Quincy Jones. Ele selecionou dez canções que compuseram seu primeiro álbum solo adulto. “Off the Wall” causou sensação entre o público e a crítica especializada. A combinação de black music e disco do álbum tornou-se uma referência nos anos seguintes. Michael ganhou seu primeiro Grammy com o single “Don’t Stop ‘Til You Get Enough”, uma música que ele escreveu e produziu. Durante dois anos, ele desfrutou de uma exposição constante no rádio e na televisão. Foi a primeira vez que um artista colocou quatro músicas de um mesmo álbum entre as dez mais tocadas tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos. Em 1980, “Off the Wall” já era o álbum de black music mais vendido da história, com mais de 20 milhões de cópias vendidas.

Apesar de ter vendido mais em um único álbum solo do que os Jacksons haviam conseguido em toda sua carreira de 11 anos, Michael decidiu continuar com os irmãos, atendendo aos pedidos da mãe. Em 1979, durante um ensaio, Jackson caiu e quebrou o nariz, sendo obrigado a passar por uma cirurgia. Sua primeira rinoplastia não foi completamente bem-sucedida, e Michael enfrentou dificuldades respiratórias que afetavam sua carreira. Ele foi submetido ao Dr. Steven Hoefflin, que realizou a segunda rinoplastia de Jackson e outras cirurgias subsequentes. Depois de lançar mais um álbum com os Jacksons em setembro de 1980 e cumprir uma agenda apertada de divulgação, que incluía especiais de rádio e uma série de 39 shows pelos Estados Unidos, Michael tinha pouco tempo para gravar o álbum que sucederia “Off the Wall”.

Michael jackson em seu album "Off the wall" em 1979
Michael jackson em seu album “Off the wall” em 1979

1982–1983: Thriller e Moonwalk

Michael aceitou um convite do cineasta Steven Spielberg para narrar a história do filme “E.T., O Extraterrestre” (1982) em um disco que também incluiria a canção inédita “Someone in the Dark”. Jackson decidiu trabalhar em ambos os projetos simultaneamente, o que causou desconforto na Sony Music. O disco narrado por Michael estava programado para ser distribuído pela MCA Records no mesmo mês em que a gravadora planejava lançar “Thriller”. A Sony Music levou o caso à justiça e conseguiu cancelar o projeto. Enquanto isso, Jackson concluiu as gravações de “Thriller”. O álbum foi finalizado em seis meses e lançado em novembro de 1982, após vários adiamentos.

“Thriller” é atualmente o álbum mais vendido da história, com mais de 110 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Nos dois anos seguintes ao lançamento, o álbum dominou os Estados Unidos, influenciando não apenas a música, mas também a dança, a moda e a televisão. “Thriller” alcançou o primeiro lugar nas paradas dos Estados Unidos em 21 de fevereiro de 1983 e permaneceu lá por 37 semanas consecutivas, além de mais 43 semanas no top 10, estabelecendo um recorde. Sete singles foram lançados do álbum, com dois deles alcançando o primeiro lugar: “Billie Jean” e “Beat It”.

Além de seu sucesso comercial, “Thriller” foi um marco na luta contra a discriminação racial na indústria fonográfica. Jackson se tornou o primeiro artista negro cujo videoclipe era exibido na MTV, com o vídeo de “Billie Jean”, dirigido por Steve Barron. A música “Beat It”, que contou com a participação do guitarrista Eddie Van Halen, foi tocada em rádios de rock, que na época eram orientadas principalmente para um público branco, e em rádios de black music, que tocavam predominantemente música negra. Isso foi um feito inédito até então.

Durante a promoção de “Thriller” na noite de 16 de maio de 1983, 3 mil celebridades norte-americanas lotaram um teatro em Los Angeles para assistir a uma apresentação comemorativa dos 25 anos da gravadora Motown, chamada “Motown 25: Yesterday, Today, Forever”. Cerca de 50 milhões de americanos assistiram à apresentação pela TV, testemunhando a entrada dos irmãos Jackson no palco, que depois saíram deixando Michael sozinho. Ele começou a cantar “Billie Jean”, sucesso do álbum lançado seis meses antes. De repente, Michael parou de cantar, foi para o canto esquerdo do palco e deslizou para trás. Naquela noite, o passo de dança que Jackson executou, popularmente conhecido como Moonwalk, o consagrou como o Rei do Pop. A revista Rolling Stone afirmou que esse momento foi crucial para a celebração da fama de Michael Jackson. “Moonwalk”, segundo a revista, é comparável em importância ao “andar de vagabundo” de Chaplin, à sequência de Gene Kelly em “Cantando na Chuva” e aos passos de Fred Astaire em “Núpcias Reais”.

Michael com seu famoso Moonwalk

Após essa apresentação, tanto Fred Astaire quanto Gene Kelly parabenizaram Jackson por sua habilidade ao usar o passo de dança criado por Bill Bailey. Foi então que o cantor estreou o chapéu e jaqueta pretos, além da famosa luva de lantejoulas. Em dezembro daquele ano, Michael e o diretor John Landis expandiram os horizontes da produção de videoclipes com o lançamento de um curta-metragem de 14 minutos para promover a música “Thriller”, ao custo de 600 mil dólares, um valor significativo na época. Também a tempo para o Natal de 1983, um segundo dueto entre Jackson e Paul McCartney, intitulado “Say Say Say”, foi lançado, tornando-se o sexto número um de Michael nos Estados Unidos e o nono de McCartney.

1984–1985: Pepsi, “We Are the World” e carreira nos negócios

Em 27 de janeiro de 1984, Michael Jackson sofreu um acidente enquanto gravava o segundo comercial para televisão do contrato de cinco milhões de dólares que havia assinado para ser garoto-propaganda da Pepsi. Seu cabelo foi incendiado por fogos de artifício, resultando em queimaduras de segundo grau no couro cabeludo. Michael foi liberado do hospital um dia após a internação.

Em março de 1984, Jackson lançou em VHS o videoclipe de “Thriller”, acompanhado por um documentário sobre os bastidores da produção. A fita, intitulada “Making Michael Jackson’s Thriller”, vendeu 4 milhões de unidades e tornou-se a mais vendida de todos os tempos, até ser superada pela do filme “Titanic”, de James Cameron, em 1997. Em maio seguinte, “Thriller” entrou para o livro dos recordes e Michael ganhou uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood. Até o final de 1984, Jackson já havia conquistado dois prêmios por “Thriller”. Na cerimônia do Grammy Awards daquele ano, o astro estabeleceu um novo recorde ao conquistar oito prêmios. Essa marca foi igualada pelo guitarrista mexicano Carlos Santana com o álbum “Supernatural”, em 2000.

MJ e seu Chimpazé chamado Bubbles
MJ e seu Chimpazé chamado Bubbles

Com o sucesso de “Thriller”, o interesse do público e da imprensa por Jackson aumentou significativamente. Tornaram-se notórios não apenas os hábitos incomuns do músico, mas também seu trabalho humanitário, especialmente em prol de crianças e adolescentes. Em maio de 1984, Jackson participou do lançamento de uma campanha contra as drogas na Casa Branca como convidado do presidente americano da época, Ronald Reagan. Em julho, Michael anunciou que doaria todos os lucros da turnê do álbum “Thriller” para a caridade. A “Victory Tour”, com 55 shows em cidades dos Estados Unidos e Canadá, arrecadou 75 milhões de dólares. Essa turnê quebrou o recorde de maior público, anteriormente detido por Elvis Presley. Michael também era conhecido por levar seus animais de estimação exóticos para todos os lugares, incluindo um chimpanzé chamado Bubbles e uma cobra chamada Muscles.

Em 1985, Michael se uniu a Lionel Richie e Quincy Jones na missão de arrecadar fundos para a campanha USA for Africa. A ideia era gravar uma canção cujos lucros seriam revertidos para reduzir os índices de mortalidade pela fome no continente africano. Lionel compôs a melodia no piano, enquanto Michael escreveu a letra em um único dia. O resultado foi “We Are the World”. Para gravar a canção, Quincy Jones convidou 44 celebridades da música e televisão, incluindo Cyndi Lauper, Diana Ross, Ray Charles e Stevie Wonder. O projeto arrecadou 200 milhões de dólares para a luta contra a fome na Etiópia.

Michael ganhou dois Grammys por “We Are the World”: “Canção do Ano” (com Lionel Richie) e “Gravação do Ano” (com Quincy Jones). A canção também recebeu outros dois prêmios na cerimônia. Além disso, Jackson começou uma carreira empresarial ao comprar os direitos autorais do catálogo Northern Song, que continha músicas dos Beatles, Elvis Presley, entre outros. McCartney ficou chateado com Jackson, e desde então a amizade entre os dois parece ter acabado.

Grandes cantores americanos se reuniram para a gravação de "We Are The World"
Grandes cantores americanos se reuniram para a gravação de “We Are The World”

1986–1990: Mudança na aparência de Michael Jackson, “Bad”, filmes, auto-biografia e Neverland

Em 1986, o público teve o primeiro contato com uma das músicas selecionadas para o próximo álbum de estúdio de Michael Jackson: “Bad”. A música “Another Part of Me” fez parte da trilha sonora do filme “Captain EO”, produzido por George Lucas e Francis Ford Coppola. Michael estrelou o curta-metragem, todo filmado em 3D para a Disney, ao custo de um milhão de dólares por minuto. Até 1998, o filme era exibido nos parques temáticos da Disney. Em 2009, após a morte do astro, a Disney decidiu ressuscitar o musical e exibi-lo novamente.

“Bad” foi lançado em agosto de 1987, com dois anos de atraso. Embora tenha sido considerado pela mídia especializada como menos ousado e uma decepção em comparação com “Thriller” (1982) ou “Off the Wall” (1979), o público recebeu o álbum de forma positiva, transformando-o em um grande sucesso, embora não tão grandioso quanto “Thriller”. O álbum vendeu 30 milhões de cópias em todo o mundo e permaneceu por algum tempo como o segundo álbum mais vendido da história.

“Bad” também estabeleceu um recorde de nove canções lançadas como compacto. Cinco delas alcançaram a primeira posição nos Estados Unidos: “I Just Can’t Stop Loving You” (com a estreante Siedah Garrett), “Bad”, “The Way You Make Me Feel”, “Man in the Mirror” e “Dirty Diana”. Foi a primeira vez que um artista colocou cinco canções de um mesmo álbum em primeiro lugar, um feito que foi repetido por Mariah Carey em 1990 e Katy Perry em 2010, ambas emplacando cinco canções em 1° lugar no Top Hot 100 da Billboard. Além disso, “Another Part of Me” alcançou o primeiro lugar nos charts de R&B.

Capa do álbum "bad" de Michael Jackson
Capa do álbum “bad” de Michael Jackson

Durante a divulgação de “Bad”, surgiram muitas excentricidades sobre a vida de Michael, algumas verdadeiras, outras não. Surgiram notícias de que ele tentou comprar os ossos e roupas de Joseph Merrick, o Homem Elefante, além de rumores de que teria uma parte de seu próprio nariz, retirada em cirurgia plástica, conservada em uma jarra em casa, e que dormia em uma câmara hiperbárica para retardar o envelhecimento. Mais tarde, essas notícias foram desmentidas pelo próprio Jackson.

Nesse período, as mudanças na aparência de Michael eram evidentes e causavam polêmica. Os jornais especulavam sobre dezenas de cirurgias plásticas, apesar de o músico confirmar apenas duas, e sobre possíveis razões para a mudança na cor de sua pele, que estava branca. Especialistas acreditavam que Michael teria se submetido a um tratamento intensivo com hidroquinona, uma substância capaz de clarear a pele. Em 1993, durante uma entrevista à apresentadora Oprah Winfrey, Jackson afirmou sofrer de vitiligo, uma doença autoimune não contagiosa que causa a perda de pigmentação na pele. Posteriormente, ele também foi diagnosticado com lúpus, outra doença de pele, no início dos anos 1990. Essas condições explicariam o uso de máscaras cirúrgicas em público e seu vício em remédios para a dor.

Devido a essas supostas excentricidades, Michael ganhou o apelido de ‘Wacko Jacko’ do tabloide The Sun. Surgiram relatos de que ele era vegetariano e tinha horror a refrigerantes artificiais, apesar de ter feito uma campanha publicitária milionária para a Pepsi. Entretanto, há divergências sobre o suposto vegetarianismo de Michael, com a União Vegetariana Internacional afirmando que ele não era vegetariano, pois comia carne de frango.

“Bad” foi indicado ao Grammy, e Michael fez uma performance lendária em 1988, onde cantou “The Way You Make Me Feel” e “Man in the Mirror”. Apesar disso, ele não ganhou nenhum prêmio, o que gerou revolta no cantor. Em setembro de 1987, Michael iniciou a “Bad World Tour”, sua primeira turnê mundial como artista solo, que passou por 15 países e atraiu 4,4 milhões de pessoas aos estádios, estabelecendo um recorde de público que seria superado pelo próprio Michael duas vezes, em 1992 e 1997. Em 1988, o cantor lançou a autobiografia “Moonwalk” e o filme “Moonwalker”, dirigido essencialmente por Jerry Kramer, que continha os videoclipes de “Smooth Criminal” e “Leave Me Alone”. O filme também deu origem a um jogo de videogame de mesmo nome para fliperamas, Sega Mega Drive e Sega Master System. Jackson ganhou um Grammy pelo videoclipe de “Leave Me Alone” em 1989. “Bad” marcou a última colaboração de Jackson com Quincy Jones.

Em maio de 1988, Michael se mudou da residência da família, Hayvenhurst, em Encino, para um rancho recém-adquirido no vale de Santa Ynez, ao norte de Los Angeles, também na Califórnia. A propriedade, de 2,7 mil acres, (10,93 km²) foi batizada de Neverland (Terra do Nunca, em português) — uma referência ao livro Peter Pan (1906), de J. M. Barrie. Ele morou sozinho no rancho por 17 anos em busca de privacidade. Não funcionou. Pelo contrário, o isolamento só fez com que aumentasse o interesse do público e, consequentemente, da imprensa sobre a vida dele. Em março de 1990, Michael assinou um contrato recorde de 1.089 bilhões de dólares segundo a revista Forbes, com a Sony Music que asseguraria a permanência dele na gravadora por mais 15 anos.

Nesse período, ele deveria lançar seis álbuns e receberia 180 milhões em antecipação por cada um deles. No livro dos recordes, Jackson passou a ser citado como o artista mais bem pago da indústria da música. Durante o American Music Awards, Elizabeth Taylor discursava sobre a vida musical de Jackson quando finalizou: “Em minha estima, ele (Michael Jackson) é o único que pode receber o título de Rei da música pop, rock e soul”. A plateia, manifestou-se a favor da proposta e, desde então, o público e a imprensa se referem a Michael como King of Pop (“Rei do Pop”).

Visão aérea do Rancho Neverland, de Michael Jackson
Visão aérea do Rancho Neverland, de Michael Jackson

1991–1993: Dangerous, Heal the World Foundation e Super Bowl XXVII

Após um ano de ausência das paradas de sucesso, Michael voltou a ser ouvido nas rádios em novembro de 1991 com a canção “Black or White”, o primeiro single lançado do álbum Dangerous. Convidou o diretor John Landis (de Thriller) para filmar o videoclipe da música. Quando foi ao ar, o curta-metragem, com seus dez minutos de duração, gerou controvérsia, mostrando o astro quebrando vitrines de lojas e destruindo um carro com um pé-de-cabra. Transmitido simultaneamente para 27 países e alcançando uma audiência estimada em 500 milhões de pessoas, estabeleceu um novo recorde. A reação foi imediata e o segmento considerado violento foi removido do vídeo. Michael explicou em um comunicado que o comportamento simulava o instinto de uma pantera, animal que ele encarnava durante a narrativa. O vídeo também se destacou por apresentar uma das primeiras metamorfoses geradas por computador na televisão.

Além disso, o videoclipe contou com a participação de Macaulay Culkin. Apenas duas semanas após esse grande acontecimento, Dangerous foi lançado. O álbum consistia em 14 faixas inéditas, das quais 12 foram escritas e compostas por Jackson. A produção ficou principalmente a cargo de Teddy Riley, reconhecido como um dos pioneiros do novo estilo sonoro chamado new jack swing. Dangerous produziu nove singles, incluindo três que alcançaram o primeiro lugar nos Estados Unidos: “Black or White”, “Remember the Time” e “In the Closet”. O álbum permaneceu entre os mais vendidos por mais de dois anos, atingindo um público de 34 milhões de pessoas em todo o mundo, superando Bad como o segundo álbum de maior sucesso na carreira do cantor. Foi o álbum masculino mais vendido da década de 1990.

michael jackson e macaulay culkin durante video clipe de black or white

Em 1992, Jackson fundou a Heal the World Foundation, que ajudou milhões de crianças ao redor do mundo, enviando também milhões de dólares para auxiliar crianças afetadas por guerras e doenças. Em junho do mesmo ano, embarcou em uma turnê para promover o álbum, quebrou recordes de público estabelecidos anteriormente durante a Bad World Tour, em 1987 e 1988. A turnê foi interrompida em 1993, quando ele foi acusado de abuso sexual infantil. Apesar disso, atraiu 3,5 milhões de pessoas para os estádios em 69 shows, superando qualquer outra turnê em termos de média de público. Todos os lucros da Dangerous World Tour foram destinados à caridade. Foi a turnê que demandou mais equipamentos no mundo, com o palco levando três dias para ser montado e mais de 60 carretas, 20 caminhões e 2 jumbos 747 necessários para transportar o equipamento de 2,5 toneladas, incluindo 168 homens trabalhando, 2 telões de cristal líquido, 1.000 luzes e mais de 10 mil cabos elétricos. A turnê foi transmitida ao vivo pela HBO e tornou-se a mais assistida na televisão.

Para retomar a promoção do álbum nos Estados Unidos, interrompida pela turnê, Michael organizou dois grandes eventos televisivos em 1993. Em 31 de janeiro, se apresentou no intervalo do Super Bowl XXVII, a final do campeonato de futebol americano organizado pela NFL, com uma audiência de 103,4 milhões de pessoas. Diferentemente dos anos anteriores, ele foi a única atração do intervalo. Devido ao seu status de estrela, a FOX, concorrente da emissora NBC que transmitia o Super Bowl, optou por não exibir o compacto dos melhores momentos do Super Bowl anterior, algo tradicionalmente feito quando a emissora não tem os direitos de transmissão do jogo. A performance de Michael foi marcante, com uma entrada espetacular e uma apresentação energética. Cantou três músicas: “Jam”, “Billie Jean” e “Black or White”.

O clímax ocorreu com uma vídeo-montagem de Michael participando de campanhas humanitárias em todo o mundo, seguida por 3.500 crianças de Los Angeles se unindo a ele para cantar “Heal the World”. Foi o primeiro Super Bowl em que o público aumentou durante o intervalo do show. Após a apresentação, Dangerous subiu 90 posições nas paradas. Dez dias depois, concedeu uma entrevista a Oprah Winfrey, assistida por 100 milhões de telespectadores, marcando a primeira vez em dez anos que Jackson falou com a imprensa. A entrevista tornou-se um dos eventos mais assistidos da história, e o álbum Dangerous voltou ao top 10 após um ano de seu lançamento original.

Após a morte de Ryan White, vítima de HIV, Michael lançou o single “Gone Too Soon”, chamando a atenção para a pesquisa da cura da AIDS, enfrentando o grande preconceito da época. Durante a era Dangerous, Jackson viajou por diversos países, incluindo Iraque e Egito. Na África, foi recebido por uma multidão de mais de 100 mil pessoas no Gabão, com um enorme cartaz dando-lhe as boas-vindas. Na Costa do Marfim, foi coroado “Rei Sani” por um chefe tribal. Em 1993, recebeu o Grammy Legend Award por sua contribuição à música e por ser uma lenda viva.

1993–1994: Alegação de abuso sexual e primeiro casamento

Em agosto de 1993, o jovem Jordan Chandler, de 13 anos, representado pelo advogado civil Larry Feldman, acusou Michael de abuso sexual. As declarações, divulgadas à imprensa, nunca foram apresentadas à Justiça, resultando na ausência de qualquer acusação formal contra o astro. No entanto, o promotor distrital Tom Sneddon iniciou investigações paralelas no final do mês, no condado de Santa Ynez, onde Jackson residia oficialmente. As acusações desencadearam um frenesi global. Em outubro, Michael cancelou o restante da turnê do álbum Dangerous, pouco antes de deixar o México em direção aos Estados Unidos. Durante uma semana naquele mês, seu paradeiro permaneceu desconhecido. Ele reapareceu em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos na Irlanda do Norte, sob os cuidados do terapeuta Beauchamp Colclough, alegando a necessidade de tratamento para um vício em analgésicos.

Em dezembro de 1993, Michael fez sua primeira declaração sobre as acusações, transmitida ao vivo do rancho Neverland pelas redes CNN, CBS, NBC e ABC. Ele se defendeu, afirmando ser incapaz de prejudicar uma criança. Após seis meses de negociações, a companhia de seguros fechou um acordo de confidencialidade com o dentista Evan Chandler, pai de Jordan, que o acusava, contra a vontade do cantor e de seu advogado. Especula-se que a família tenha recebido quase 15 milhões de dólares. As investigações paralelas foram arquivadas em 1994 por falta de provas, já que o único reclamante se recusou a colaborar. Em 1996, Evan processou Michael novamente, alegando violação dos termos do acordo civil, quando o cantor afirmou publicamente não ter abusado do garoto. O processo exigia uma indenização de 60 milhões de dólares e citava o álbum HIStory e uma entrevista concedida a Diane Sawyer.

Em 26 de maio de 1994, Jackson casou-se com Lisa Marie Presley, em uma cerimônia na República Dominicana. A união, realizada meses após o término das investigações criminais contra ele, foi amplamente divulgada e criticada pela mídia, que questionava a conveniência do casamento. Sua primeira aparição pública como casal ocorreu em setembro, durante o MTV Video Music Awards, quando subiram ao palco, seguiram por uma passarela e se beijaram. O casamento durou dois anos.

MJ e Lisa Marie Presley

1995–1997: HIStory, segundo casamento e paternidade

O primeiro single lançado da Era HIStory foi “Scream”, um dueto com a irmã Janet, que estreou durante uma entrevista concedida por Michael e Lisa Marie à apresentadora Diane Sawyer no programa Primetime da ABC, um dia antes do lançamento do álbum HIStory. O videoclipe de “Scream” detém o recorde de ser o vídeo musical mais caro da história, com um custo de aproximadamente sete milhões de dólares, título certificado pelo Guinness World Records em 2006, e desde então nenhum outro vídeo conseguiu superá-lo.

Em junho de 1995, o álbum duplo HIStory: Past, Present and Future — Book I chegou às lojas. O primeiro disco apresentava uma seleção de quinze sucessos remasterizados, enquanto o segundo disco continha a primeira coleção de canções inéditas lançadas pelo cantor desde as acusações de abuso sexual. Foram investidos 30 milhões de dólares em publicidade e propaganda para o lançamento do álbum e a promoção de cinco singles, tornando-se a maior campanha de marketing já montada para promover um disco. HIStory vendeu quase 20 milhões de cópias. Durante a divulgação do álbum, Michael visitou o Brasil para gravar cenas do videoclipe da música “They Don’t Care About Us” na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, e no Pelourinho, em Salvador, com o grupo de percussão Olodum.

Em setembro de 1996, Michael Jackson deu início à HIStory World Tour com um show lotado na cidade de Praga, na República Checa. Ao final dos concertos, mais de 4,5 milhões de pessoas haviam comparecido aos estádios em 56 cidades e 35 países diferentes, estabelecendo um novo recorde mundial de público para uma turnê. Em novembro de 1996, o astro se casou com a enfermeira dermatologista Debbie Rowe, com quem teve dois filhos. Rowe abriu mão de todos os direitos maternos e entregou a guarda das crianças a Jackson, o que gerou grande polêmica. Em 2002, Rowe revelou que Prince e Paris não eram filhos biológicos do cantor, afirmando que foram concebidos através de doação de esperma de uma terceira pessoa.

Em 1997, oito canções inéditas de HIStory foram remixadas e lançadas na coletânea “Blood on the Dance Floor”. Entre os produtores responsáveis pelos remixes estavam Wyclef Jean, David Morales e Tony Moran. O álbum de remixes vendeu cerca de sete milhões de cópias, tornando-se o mais vendido da história nesse formato. Um curta-metragem de 35 minutos intitulado “Ghosts”, estrelado por Jackson, estreou nos cinemas europeus na mesma época. O filme, escrito por Stephen King e dirigido por Stan Winston, foi concebido como uma releitura do clássico videoclipe produzido para a canção “Thriller” em 1984. Em maio de 1997, o grupo Jackson 5 foi incluído no Hall da Fama do Rock and Roll, seguido, quatro anos depois, pela inclusão de Michael Jackson como artista solo em 2001.

1997–2002: Disputa na gravadora e Invincible

Em 1999, Michael Jackson organizou uma série de concertos beneficentes intitulados “Michael Jackson & Friends”, que contaram com a participação de artistas como Slash, The Scorpions, Boyz II Men, Mariah Carey, Pavarotti, entre outros. Em 2001, celebrando seus 30 anos de carreira solo, foram lançadas edições especiais dos álbuns “Off the Wall”, “Thriller”, “Bad” e “Dangerous”, todos remasterizados e com novos encartes, incluindo canções raras e inéditas, além de entrevistas com o produtor Quincy Jones e o compositor Rod Temperton. Dois shows comemorativos foram realizados no Madison Square Garden em setembro de 2001, com a participação de diversos artistas como Britney Spears, Whitney Houston, Slash, Usher, Luther Vandross, Destiny’s Child, entre outros.

No mês seguinte, em outubro, Jackson lançou “Invincible”, sua primeira coleção de novas músicas em seis anos, desde “HIStory” em 1995. O álbum, produzido principalmente por Rodney Jerkins e Teddy Riley, contou com participações especiais de Carlos Santana na música “Whatever Happens”, Slash em “Privacy”, e um rap póstumo de Notorious B.I.G. Jackson também foi um dos organizadores do concerto beneficente “United We Stand: What More Can I Give”, realizado no RFK Stadium em Washington, em busca de fundos para os familiares das vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos.

Durante a divulgação do álbum “Invincible”, surgiram conflitos entre Michael Jackson e o então chefe da Sony Music, Tommy Mottola. Os problemas começaram em 2000, quando Jackson tentou retirar a licença das gravações originais de seu catálogo da gravadora para lançamento independente, visando evitar a divisão dos lucros com a Sony. No entanto, cláusulas no contrato com a gravadora impediram essa transação. Após um acordo, foi decidido que Jackson deixaria a gravadora após o lançamento de “Invincible”, mas antes disso, deveriam ser lançadas coletâneas de seus maiores sucessos. A crise se intensificou quando a canção “You Rock My World” vazou para as rádios americanas, obrigando seu lançamento como primeiro single do álbum, enquanto Jackson preferia “Unbreakable”. Diante disso, ele se recusou a colaborar com o restante da divulgação do álbum. Ainda assim, a Sony lançou dois singles, “Cry” (em todo o mundo) e “Butterflies” (apenas nos Estados Unidos), sendo que apenas “Cry” recebeu um videoclipe, sem a presença de Jackson.

“Invincible” é conhecido como o “álbum mais caro da história”, pois Jackson gastou cerca de 30 milhões de dólares apenas em sua produção. Apesar de ter sido retirado das lojas pela Sony após três meses de lançamento, o álbum vendeu cerca de 12 milhões de cópias em todo o mundo, um feito notável mesmo para artistas no auge de suas carreiras na época. Mais de 35 cantores contribuíram para o álbum, incluindo Shakira, Celine Dion, Ricky Martin, Luther Vandross, Justin Timberlake, Carlos Santana, Beyoncé, Laura Pausini e Mariah Carey. O lançamento do single foi cancelado devido aos conflitos entre Jackson e a Sony Music, e especula-se que o envolvimento de um dos produtores do projeto com a indústria do cinema pornográfico dos Estados Unidos tenha afastado patrocinadores.

Invincible: o último álbum de estúdio do Michael Jackson

2002–2005: Segunda alegação de abuso sexual e absolvição

Em 1997, Michael Jackson teve seu primeiro filho, Prince Michael Jackson I, seguido por sua filha Paris Michael Katherine Jackson em 1998. Cinco anos depois, em 2002, Jackson teve seu terceiro filho, Prince Michael Jackson II (conhecido como Blanket). A mãe da última criança permanece anônima, e Jackson revelou que a criança foi concebida por inseminação artificial. Em novembro do mesmo ano, durante uma estadia em Berlim, Jackson surpreendeu a todos ao aparecer na janela de seu quarto de hotel com seu filho recém-nascido. O cantor colocou brevemente seu filho para fora da janela, cobrindo o rosto com um pano, supostamente para mostrá-lo aos fãs que estavam do lado de fora do hotel. Esse ato gerou severas críticas.

Em 2003, a Sony lançou a coletânea “Number Ones”, que vendeu 10 milhões de cópias em todo o mundo. No mesmo ano, foi ao ar o documentário “Living with Michael Jackson”, que mostrava o cotidiano do cantor. O documentário revelou aspectos da vida de Jackson, sua infância difícil, seus três filhos, sua casa e seu isolamento em seu mundo pessoal. As declarações de Jackson durante as entrevistas concedidas ao jornalista Martin Bashir causaram uma repercussão negativa na mídia, levando a uma segunda acusação em 2003.

Também em 2003, Jackson foi acusado de abuso sexual de menor por Gavin Arvizo, alegação que ele negou veementemente. Elizabeth Taylor defendeu o cantor em um programa de televisão, afirmando que estava presente na casa de Jackson enquanto Gavin estava lá e que não houve nada de inapropriado. Durante a investigação, o perfil de Jackson foi examinado por um profissional de saúde mental, Dr. Stan Katz, que passou várias horas com o acusador. O julgamento durou cinco meses e, em junho de 2005, Jackson foi absolvido de todas as acusações por falta de provas.

Após o julgamento, Jackson deixou Neverland e se tornou ainda mais recluso, mudando-se para o Bahrein como convidado do Príncipe Abdullah bin Hamad bin Isa Al Khalifa. Ele afirmou que, apesar de amar Neverland, ela havia trazido “coisas ruins” para sua vida, como as acusações, e que nunca mais estaria com crianças novamente. Em 2004, outra coletânea foi lançada, “The Ultimate Collection”, uma caixa com quatro CDs e um DVD. Em março de 2006, a Sony Music lançou uma nova coletânea, o álbum duplo “The Essential Michael Jackson”.

Michael Jackson com "Blanket" na varanda
Michael Jackson com “Blanket” na varanda

2006–2009: Fechamento de Neverland e This Is It

Em 2006, Michael Jackson emergiu do período de reclusão que estava passando no Bahrein desde sua absolvição em 2005 e compareceu a diversas premiações e homenagens. A primeira delas foi em maio de 2006, na MTV japonesa, durante a premiação do Video Music Awards Japan ’06, onde recebeu o Legend Award devido a ser o artista masculino internacional que mais vendeu no Japão. Essa foi sua primeira aparição pública desde sua reclusão, atraindo grande destaque da imprensa.

No mesmo ano, Jackson recebeu oito Guinness World Records, incluindo registros como “Primeiro artista a ganhar mais de cem milhões de dólares em um ano” e “Primeiro artista a vender mais de 100 milhões de álbuns fora dos Estados Unidos”. Foi cogitado como o artista mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em mais de oito bilhões de dólares. Em novembro de 2006, compareceu ao World Music Awards, onde recebeu o Diamond Award por ter vendido mais de 100 milhões de discos e recebeu o 9º certificado do Guinness devido às 104 milhões de cópias vendidas do álbum “Thriller”.

Em uma tentativa de resgatar sua visibilidade musical, em fevereiro de 2008, a Sony lançou “Thriller 25th”, uma edição comemorativa dos 25 anos do álbum “Thriller”. A edição incluía remixes com a participação de artistas contemporâneos e foi um sucesso comercial em diversos países, alcançando o topo das paradas em várias nações.

Para comemorar seu aniversário de 50 anos, a SonyBMG lançou “King of Pop”, a primeira coletânea interativa de Michael Jackson, que contou com a participação do público na seleção das faixas. No mesmo período, Jackson vendeu seu rancho Neverland e se mudou para Dublin, na Irlanda, onde continuou a trabalhar em seu décimo-terceiro álbum solo, previsto para ser lançado em 2009.

“This Is It” seria uma série de 50 concertos que teria início em julho de 2009, na O2 Arena, em Londres. Os ingressos esgotaram rapidamente, e todos os ensaios para a turnê foram filmados em alta definição, dando origem ao filme/documentário “This Is It”. O filme foi lançado mundialmente em outubro de 2009, acompanhado por uma coletânea que serviu como trilha sonora e apresentava músicas ensaiadas para a turnê, além de uma música lançada postumamente e versões nunca antes ouvidas de algumas faixas.

"This is It" o Show que nunca aconteceu
“This is It” o Show que nunca aconteceu

Morte de Michael Jackson

Em 25 de junho de 2009, foi relatado que Michael Jackson sofreu uma parada cardíaca em sua residência, localizada na vizinhança de Holmby Hills, Los Angeles. Serviços de emergência médica foram chamados para socorrer o cantor em sua casa e tentar reanimá-lo. No entanto, devido ao estado de coma profundo em que se encontrava, Jackson foi levado às pressas para o Ronald Reagan UCLA Medical Center, o hospital universitário da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Desde sua internação, rumores sobre sua morte já circulavam na imprensa.

O falecimento de Jackson teve uma repercussão instantânea em escala internacional, gerando preocupação entre seus fãs em diversas partes do mundo. A causa da morte foi atribuída a uma overdose de medicamentos que Jackson havia tomado nas horas anteriores para dormir, administrados por seu médico pessoal, Dr. Conrad Murray. O último medicamento administrado foi o anestésico Propofol, e apenas 10 minutos depois o Rei do Pop entrou em parada cardiorrespiratória.

O funeral de Michael Jackson ocorreu em 7 de julho de 2009. Inicialmente, seu corpo foi velado em uma cerimônia privada no Forest Lawn Memorial Park’s Hall of Liberty, restrita apenas a familiares e amigos íntimos. Em seguida, houve um tributo público no Staples Center, onde 17.500 pessoas se reuniram para prestar suas homenagens. Estima-se que até dois bilhões de pessoas tenham assistido ao funeral pela televisão, já que emissoras de todo o mundo transmitiram o evento ao vivo.

Em uma entrevista realizada em 2021, foi revelado que o cérebro de Michael Jackson foi removido para estudos antes mesmo de seu enterro.

O reverendo Al Sharpton fala durante o funeral de Michael Jackson.
O reverendo Al Sharpton fala durante o funeral de Michael Jackson.

Lançamentos póstumos de Michael Jackson

O álbum “Michael” foi lançado postumamente em 14 de dezembro de 2010 pela Epic Records. O projeto apresenta músicas inéditas, incluindo “Breaking News”, gravada originalmente em 2007. Embora “Breaking News” não seja considerada um single, serve como uma prévia do álbum. O primeiro single oficial, “Hold My Hand”, conta com a participação do cantor e produtor Akon e foi elogiado por ele como uma honra trabalhar com Michael Jackson. Além de Akon, o álbum também apresenta colaborações com o rapper 50 Cent e o guitarrista Lenny Kravitz. O videoclipe de “Hold My Hand”, dirigido por Mark Pellington e filmado na Califórnia, conta com a participação de fãs do Rei do Pop, além de imagens do próprio artista.

“Michael Jackson: The Experience” é um jogo musical baseado nas canções de Michael Jackson, inicialmente lançado para Nintendo Wii, Nintendo DS e PSP, com planos de chegar ao Xbox 360 e PlayStation 3 em 2011. O jogo foi um sucesso de vendas, com 1,2 milhões de cópias vendidas apenas no primeiro dia de lançamento para as plataformas Nintendo.

“The Immortal World Tour” é uma turnê do Cirque Du Soleil em homenagem a Michael Jackson, lançada em 2011 no Canadá e posteriormente nos Estados Unidos. Produzida em colaboração com a MJ Estate, a turnê recebeu apoio da família de Jackson e foi escrita e dirigida por Jamie King, renomado diretor de concertos que trabalhou com artistas como Madonna, Rihanna e Britney Spears. O espetáculo combina música e coreografia de Michael Jackson com a criatividade característica do Cirque du Soleil, oferecendo aos fãs uma visão única do legado do Rei do Pop.


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